sexta-feira, junho 13, 2008

Fagulhas

Abri curiosa o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria rir, chorar,
ou pelo menos sorrir
com a mesma leveza com que
os ares me beijavam.
Eu queria entrar,
coração ante coração, inteiriça,
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando.
Eu queria até mesmo saber ver,
num movimento redondo
como as ondas que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria (só) perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço nu e cheio.
Eu queria ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las.
Eu não sabia que virar pelo avesso era uma experiência mortal.

Ana Cristina César

quinta-feira, junho 05, 2008

Foolish IV

Farei um poema louco e breve,
Como tua boca pede.
Farei um poema como queres,
Novo e leve.
Ai, quem dera ser tão doce
Como seus versos descrevem.
Alcançaria a Lua,
Linda e nua.
Ela, metade minha.
Eu, metade sua.













poesia: Carolina de Carvalho (2007) - foto: roubei da Cléo...