quinta-feira, setembro 25, 2008

Portifólio IV - Irma Vap

Uma entre tantas.

Entre os tantos mil espectadores que durante 12 anos assistiram `a primeira montagem do espetáculo, havia uma menina, com seus 10 ou 11 anos de idade e que vivia uma possibilidade de aventura absolutamente mágica.
Era a primeira vez em que ia, conscientemente, `a um espetáculo de teatro. Com a mão grudada na mão da prima, um ano mais velha, e a outra agarrada na mão da avó .
Sentindo um frio na barriga pelo pânico de assistir a um espetáculo de “adultos”. Desembarquei no meio de uma multidão de pernas, muito maiores que eu inteira. Saímos do táxi e ficamos esperando minha avó, Ana, na beira da calçada, enquanto a fila da bilheteria se desenrolava. As mãos continuavam grudadas. Minha prima tinha a obrigação de cuidar de mim, enquanto vovó entrava confiante no meio da multidão para conseguir nossos ingressos.
Os gorros, cachecóis, casacos e a espera, só aumentavam a tensão – será que ela conseguiria? - Estar no centro da cidade, no frio e na chuva, característicos de São Paulo, em um teatro com um painel de mosaico se agigantando para cima de mim, era no mínimo assustador. O teatro era o Cultura Artística ( talvez até tenha sido em outro, mas ficou gravado como se fosse). O espetáculo, “Irma Vap”.
As recordações que ficaram foram das muitas trocas de roupa, do óbvio não entendimento dos cacos políticos, uma peruca pra cá, um vestido pra lá, os dois atores de quem tanto gostava, o cenário enviesado pelo acento lateral e claro, as risadas. Que eram muitas.
A avó com o sorriso estampado no rosto e um brilho de travessura, que só ela conseguia carregar, nos olhos. Travessura esta, que havia sido premeditada, sem o aval de nossas mães. Uma sorrateira surpresa da matriarca! A pipoca doce na saída e a inveja das mães ao saber do rapto. nos proporcionaram uma recordação ainda mais deliciosa. Em 2005 a minha querida avó Ana se foi, deixando em nós, muitas destas saborosas alegrias.
20 anos depois desta primeira pipoca na saída do teatro, veio a reestréia e o novo elenco, tão poderoso como o anterior, e resgataram em mim aquela lembrança, aquele olhar de travessura que tanto me acompanhou. Fizeram com que o sabor ficasse ainda melhor! Tornando possível que eu, finalmente, entendesse um pouco mais desse mistério que é “Irma Vap”.
É com muita humildade que, depois de assistí-los, resolvi contar essa pequena historieta … Num desejo de que outros tantos anos passem e que outras tantas meninas tenham a chance de guardar na memória o deslumbramento de vê-los em cena.





















P.S.: Layouts feitos para uma concorrência de programação visual do espetáculo. Usei desenhos do Angeli (com o consentimento dele, é claro! - o último é meu mesmo)- Não ganhei, mas adorei!
vai lá: Teatro Shopping Frei Caneca.

terça-feira, setembro 23, 2008

Fuerzabruta


Pela primeira vez no Brasil Fuerzabruta faz curta temporada no Parque Villa Lobos. Fuerzabruta surgiu como mais um projeto do grupo argentino De La Guarda. A criação é do diretor Diqui James e do compositor e diretor musical Gaby Kerpel. Segundo o diretor o espetáculo tem grande inspiração no Brasil, principalmente no carnaval e na energia que festa passa ao público.O show vai do silêncio até um nível musical que atinge muitos dB(*) e exploram todas as emoções da platéia. Entre jogos de luzes, corpos suspensos, inúmeros movimentos e musicalidade os atores, que freneticamente desafiam a gravidade, envolvem o público e tudo se transforma em algo único, real e de grande força cênica. No inicio do espetáculo, o público se depara com um homem, sustentado por um cabo de aço, que está no meio de corrida insana, sob uma esteira rolante, explodindo paredes e passando por vários cenários. Homens e mulheres percorrem grandes cortinas prateadas que passam muito perto do público. Minutos seguintes os atores fazem coreografias que envolvem com o ritmo e as batidas da música, e ao mesmo tempo interagem com o público.
O espaço onde Fuerzabruta será apresentado é composto por toneladas de estruturas metálicas e cabos. Uma tenda de aproximadamente 50 metros é transformada num imenso palco, que dá suporte para as centenas de luzes e caixas de som. O espetáculo tem capacidade para mil pessoas em pé que interagem com os atores, cenários e cenas impactantes. (texto extraído - www.guiadasemana.com.br )

(*) Rubrica: física, metrologia. Unidade utilizada na medida da intensidade do som, correspondente à décima parte do bel [símb.: dB] Etimologia - ing. decibel (1928), composto de deci + bel; o termo bel foi criado pelos norte-americanos em homenagem a A.G. Bell (1847-1922, físico escocês), inventor do telefone - portanto 1 decibel, muitos decibels e não decibéis como é usual!!não?!

sexta-feira, setembro 19, 2008

Que Sufoco...

Borboletas na barriga,
Num vai e vem sem fim.
Frenéticas!
Estreitam a garganta,
À espera da hora certa.












foto: Helmut Newton; poesia: Carolina de Carvalho - 2005

The Beauty of Being Free

Can we get high and not fall?
Stop what you're doing,
Before it gets all out of hand.
Let’s just have a nice cup of tea...
Before the end.

Even the shinning Moon,
Even the bright Sunset,
Can’t pay the price
Of our wonderful laugh.

The beauty of poetry is well worth.
A certain beauty about being free…
Maybe that’s why you can’t hold me.
Maybe there’s nothing to be.

…So…Let’s just have a nice cup of tea...

















Almost a Song...Carolina de Carvalh0 - 2006

segunda-feira, setembro 15, 2008

Foolish VI

A história da menina e da aquarela,
da água, da tinta e da janela…

A menina na janela,
Coloriu e sorriu,
Amarelo de sol,
No cinza do frio.
Chorou e fugiu.
A menina na janela,
Fez chover na aquarela.
E a tal história;
Da menina e da aquarela;
Da água, da tinta e da janela…
Já era.














poesia: Carolina de Carvalho - foto: Claudio Marcelo Kornfeld

sexta-feira, setembro 12, 2008

Dossiê Rê Bordosa

Pré-estréia do curta-metragem Dossiê Rê Bordosa, dirigido por Cesar Cabral e produzido pela Coala Filmes, nesta sexta-feira 12 de setembro, à meia-noite, no Reserva Cultural.
O filme participou de vários Festivais - É TudoVerdade, I Festival de Paulínia, Anima Mundi, Festival Internacional de Curtas de SP, Festival de Gramado, ... - acumula prêmios de crítica e público. A animação stop motion conta com vozes de Grace Gianoukas como Rê Bordosa, Peréio como Bibelô, e Laert Sarrumor como Bob Cuspe, além de depoimentos de Laerte, Toninho Mendes e outros "cúmplices" deste violento assassinato.
Desvendando porquê Angeli matou Rê Bordosa no auge de sua fama....


vai lá: Reserva Cultural - Av. Paulista, 900.

terça-feira, setembro 09, 2008

João e Maria

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?






















Composição: Chico Buarque / Sivuca - foto: Chico em 2008