quinta-feira, janeiro 29, 2009

Para alegrar o dia II....

John Lennon - Stand By Me...

terça-feira, janeiro 27, 2009

Devagar à Divagar...

Caminhando e procurando,
A serenata,
Que um dia, de leve, vibrou.

Passeando e procurando,
As leves asas,
Que alguém, por diversão, levou.

Caminhando,
Passo e ando.
No silêncio da procura,
Leve, eu sou.



foto: Katarina Sokolova

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Arrepio II...

Embora Bertha Young já tivesse trinta anos, ainda havia momentos como aquele em que ela queria correr, ao invés de caminhar, executar passos de dança subindo e descendo da calçada, rolar um aro, atirar alguma coisa para cima e apanhá-la novamente, ou ficar quieta e rir de nada: rir, simplesmente.
O que pode alguém fazer quando tem trinta anos e, virando a esquina de repente, é tomado por um sentimento de absoluta felicidade — felicidade absoluta! — como se tivesse engolido um brilhante pedaço daquele sol da tardinha e ele estivesse queimando o peito, irradiando um pequeno chuveiro de chispas para dentro de cada partícula do corpo, para cada ponta de dedo?
Não há meio de expressar isso sem parecer "bêbado e desvairado?" Ah! como a civilização é idiota! Para que termos um corpo, se somos obrigados a mantê-lo encerrado em uma caixa, como se fosse um violino raro, muito raro?
"Não, isso de violino não é exatamente o que eu quero dizer" — ela pensou, correndo escadas acima e apalpando a bolsa, em busca da chave — que ela esquecera, como sempre — e sacudindo a caixa do correio. "Não é o que eu quero dizer, pois — "obrigada, Mary" — ela entrou no vestíbulo. "A babá voltou?".
"Sim, senhora".
"E as frutas?".
"Sim, senhora. Veio tudo".
"Traga as frutas para a sala de jantar. Vou dar um arranjo nelas antes de subir".
Estava escuro e muito frio na sala de jantar. Mesmo assim, Bertha tirou o casaco; não podia tolerar por mais tempo o aperto da roupa, e o ar frio penetrou em seus braços.
Dentro do peito, no entanto; havia ainda aquele ponto brilhante, incandescente, de onde saía uma chuva de pequenas fagulhas. Era quase insuportável. Ela mal tinha coragem de respirar, por medo de atiçar aquele fogo ainda mais; contudo, respirava fundo... fundo. Quase não tinha coragem de olhar-se no espelho frio; mas olhou, e ele mostrou-lhe uma mulher radiante, com lábios trêmulos, sorridentes, grandes olhos escuros e um ar de quem está à espera de que alguma coisa... divina aconteça. Ela sabia que iria acontecer infalivelmente.
(...)
texto: Bliss - Katherine Mansfield

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Senta que lá vem história II....

2009 - Finalmente depois de 4 anos, uma parte do Monumento aos Lanceiros Negros, será construída ( post - Senta que lá vem história...)

O Arquiteto George Augusto de Moraes conseguiu para o monumento dos Lanceiros no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, que a prefeitura forneça a mão de obra. E abriu uma conta pública para donativos. Ainda não se conseguiu viabilizar a obra maior - o museu em memória dos Lanceiros Negros - será apenas um mini totem no parque, mas já é um começo!

Esses bravos heróis, os Lanceiros Negros, foram dizimados numa emboscada próxima ao sítio de Porongos, no Rio Grande do Sul. Trata -se de um mitológico massacre ocorrido durante a Revolução Farroupilha (1835-1845) e bem escamoteado durante os anos. Eram a linha de fronte das tropas, com a promessa de liberdade no final da guerra, transformaram-se na vanguarda das tropas farroupilhas.
2005 - Nós ( Euclides Oliveira, Sidney Linhares, Dante Furlan e eu ) ganhamos um concurso internacional com o projeto para a construção de um museu em homenagem aos Lanceiros, no local do massacre. Museu que sonhamos ver construído no sítio que poderá ser tombado pelo patrimônio histórico mundial.

terça-feira, janeiro 13, 2009

O Efêmero Pulo do Gato...

Na boca
A maneira boa
De te sentir
Tênue e louca

ou

A maneira boa
Tênue e louca
De te sentir
É na boca




















Poesia: Indecisão ...Qual a melhor solução...Qual?...Aí é que está ... - (2007)

Foto: Efe - Cientistas sul-coreanos criaram gatos clonados que brilham no escuro quando são expostos à luz ultravioleta. Os pesquisadores manipularam um gene que sintetiza uma proteína fluorescente. Os gatos nasceram entre janeiro e fevereiro deste ano, são da raça Angorá Turca.

domingo, janeiro 11, 2009

Um Mantra...

Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.



Poema: Hilda Hilst; Foto: Josep Olivella

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Sabedoria Familiar...

PERCEBER - por Iris Vieira Motta Mello

De repente, num repente
Certo alguém
Pediu passagem
Nem parou
Nem esperou
A resposta
Não recebeu
Ou não percebeu
Porque perceber
É no viver
O maior saber.



A poesia é da minha querida tia-avó, Iris. Foto: Lineu Filho, intitulada "Beija-flor na grade é beleza em liberdade."

terça-feira, janeiro 06, 2009

Sobre Café e Cigarros...

Lembrou da última frase que havia dito. Alguém vendendo um daqueles bilhetes de loteria chamou sua atenção, quebrando a linearidade de seus pensamentos. Não conseguia precisar quantos dias passaram desde o telefonema em que ela fez o convite para que se encontrassem na véspera de ano novo. A memória inexistente de um vestido, leve e transparente, inegavelmente trazia certa angústia em sua expectativa. Há muito desejava encontrá-la. Parado na porta de seu edifício, exitou. Precisava comprar cigarros. E foi.
A chuva caia torrencialmente . Os termômetros marcavam 29 graus. Os carros avançavam lentamente contrastando com os minutos, que passavam avassaladores. O trânsito paulistano, mesmo na madrugada, era insuportável por causa das comemorações de final de ano. No celular palavras quase indecifráveis. A voz um pouco alterada disfarçava o nervosismo. Estava atrasado e suas mãos tremiam. Suava, não tanto pelo calor.
Ao abrir a porta, os olhos que por muito tempo foram absortos, carregavam agora uma expressão tenra. Ela também tinha medo. Abriu a janela na tentativa de que o vento abrandasse qualquer alteração em suas respirações. Abraçou-a por trás, e ficaram assim, alguns minutos, envolvidos pelo silêncio. A chuva cortando a face, os olhos, os lábios, os líquidos todos, escorriam. Escorreram. Ela precisava comprar cigarros.

foto: Henri Cartier Bresson; texto: Carolina de Carvalho - 2006

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Gira Mondo Nel Mio Labirinto.

O Ano passado começou com um holandês de 1,80m, loiro de olhos azuis que me interpelou na rua e levou meus 25 contos. Este ano começa com tudo literalmente rodando...Principalmente eu, que estou girando e girando e girando, que nem a música do Chico.
(...)
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
(…)



foto: Lenice Barbosa ; música: trecho de Roda Viva, Chico Buarque.
Eu, sem poesia, com Labirintite, e sem fumar. Desejo com todas as forças, que o Ano Novo pare de girar!