quarta-feira, julho 20, 2011

sexta-feira, agosto 27, 2010

Foolish XI

Espero alvorecer,
Adormeço tranquila.
Aquieto o sopro,
Sem sufoco.
Penso nisso,
Só amanhã...






 







foto : http://community.livejournal.com/ru_foto/43061582.html via http://donttouchmymoleskine.com/page/3/ 

terça-feira, abril 20, 2010

Foolish X

Voraz e derradeira,
Consumiu folhas à sua maneira,
Restaram espinhos e cores.














foto : em 2009, a cidade de Jefferson County , no estado do Colorado nos EUA, foi invadida por uma praga de joaninhas. Para os habitantes do Colorado esta praga significa chuva, visto que a morte de uma joaninha é prenúncio da mesma. (fonte tvi.iol.pt)poesia: Carolina de Carvalho 2007

quarta-feira, abril 07, 2010

Portifólio X - Namorados...























foto: Pedro Arcene / arte: Carolina de Carvalho
estreia dia 02/04/2010 - Teatro dos Satyros 2

terça-feira, abril 06, 2010

Portifólio IX - Rain Man...















Página de Catálogo para o Espetáculo Rain Man -  Com Petrônio Gontijo e direção de José Possi Neto. Em breve...perto de você!
aplicação sobre foto de Priscila Prade / arte: Carolina de Carvalho

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Laerte escreveu...

Sexta-feira, agora, dia 11/12, programou-se um leilão de arte em solidariedade e ajuda ao Mário Bortolotto.
Pra quem não sabe, Mário Bortolotto, autor, diretor e ator teatral, foi baleado no sábado à noite, durante um assalto. Também ficou ferido o desenhista Carcarah, que passa bem.
Mário está melhor, mas seu estado é muito complicado.
Eu estarei lá e, junto com outros artistas, como meu filho Rafael, Angeli, Grampá, Mutarelli, Fábio Moon, Gabriel Bá, Cobiaco, faremos um painel que será rifado.
Sexta, dia 11, à noite, no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt.























Texto Laerte / Fly: R. Grampá & R.Coutinho
(mas "tamo junto" ...)
http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro
http://furrywater.wordpress.com

terça-feira, setembro 29, 2009

Portifólio VIII - Fenômenos...






















desenho: Carlos Carah / arte: Carolina de Carvalho
estreia dia 06/10 - Teatro dos Satyros 2

quarta-feira, setembro 16, 2009

Romantica...et sans perdre la tendresse... (III)

Ontem, hoje e sempre ... I'll Be Seeing You

I'll be seeing you
In all the old familiar places
That this heart of mine embraces
All day through

In the small cafe
The park across the way
The children's carrousel
The chestnut trees
The wishing well

I'll be seeing you
In every lovely summer's day
In everything that's light and gay
I'll always think of you that way

I'll find you in the morning sun
And when the night is new
I'll be looking at the moon
But I'll be seeing you

...

Billie Holiday - Live At Carnegie Hall - November 10, 1956:



Françoise Hardy e Iggy Pop:

quinta-feira, agosto 27, 2009

Rapunzel, Rapunzel, let down your hair...

Na torre do castelo,
Te espero.
Troco lembranças,
Comigo mesmo.
Tomo chá em silêncio.
A folga é na sexta.
Amanhã não te quero.


ilustração: http://www.flickr.com/photos/steeringfornorth/2984544888/

sexta-feira, julho 17, 2009

Portifólio VII - Emoções Baratas...

A boa nova para quem gosta de Jazz, é que o diretor José Possi Neto retornará, junto com os músicos da banda Heartbreakers, a cantar e dançar músicas de Duke Ellington. O espetáculo "Emoções Baratas" sucesso nos anos 80, estará em breve, em um teatro próximo`a sua casa!


Arte: Carolina de Carvalho

sexta-feira, junho 19, 2009

The Point Of No Return...

Acordei em brancas nuvens.
A culpa do mundo não me convém.
O amor ao qual pertenço,
Me invade por inteira.
Estranhos se dividem,
Me isento de ódio.
Na palma da mão
Os caminhos brilham.
Pingam-me nos olhos
Lágrimas de alguém.
Sigo um feixe de luz,
À ponta dos cabelos...
Pra que escrevo senão para meu próprio ego.



foto: http://www.flickr.com/photos/anarchos/3472767015

quinta-feira, junho 18, 2009

Foolish IX

Que queres de mim?
Chega manso,
Vestido de branco,
Sorriso de lado,
Constrói brincadeira
,
Toca viola,
Canta bonito,
Que nem Arlequim.
Que queres de mim!?
Sou eu a sereia,
Encanto quem quero,
Morreste na areia,
Foi este seu fim.



foto: Mermaid of Stanley Park; http://www.flickr.com/photos/januszbc/2620114305/
poesia: Carolina de Carvalho - 2006

sábado, junho 13, 2009

Ártemis

Centro o certo.
Espaço exato.
Na resposta.
O abstrato.


foto: http://www.flickr.com/photos/fine_settimana/2301823340/

segunda-feira, maio 25, 2009

O Vinho de Jurema... *

Num lugar da vida,
A boca delicada,
Do beijo de mel,
Me fez Iracema...
Índia, linda, desejada.
Por ira, ou por pena.
No lugar da vida,
A doce pluma,
Faz versos ao léu.






















Poesia: Carolina de Carvalho

Pintura: Diego Rivera - "Desnudo con Alcatraces" (1944) - Óleo sobre fibra dura, 157x124cm.
* "O Vinho de Jurema" é o alucinógeno da tribo dos Tabajaras no Romance " Iracema" de José de Alencar , 1865.

sábado, maio 16, 2009

Romantica...e senza perdere la tenerezza... (II)

"Piccolissima Serenata" - Teddy Reno, acompanhado pelo '2X2' quarteto.
De: Totò, Vittorio e la dottoressa (1957).

quarta-feira, abril 29, 2009

Portifólio VI - Liz...






















Capa para o programa do espetáculo "Liz" - Teatro dos Satyros.

Foto: André Porto
Arte: Carolina de Carvalho

Estreia dia 08 de Maio no Sesc Paulista!

terça-feira, abril 28, 2009

Suspiro...

Deixo a Lua seguir seu curso…Durmo!
Como um anjo que seduz o silêncio.
Durma você também...






















Pintura:
Salvador Dali - Galatea of the Spheres (Galatee aux Spheres) 1952, Oil on canvas 65 x 54 cm Fundacion Gala-Salvador-Dali, Figueras, Spain.

sexta-feira, abril 24, 2009

Para Comemorar !!

10.000 é o número de pessoas que de um jeito ou de outro vieram parar neste espaço. Obviamente metade delas estava pesquisando carrapatos e não ficou mais do que 1 segundo por aqui. Mas, pelo sim, pelo não, fizeram o numerozinho do contador girar. Para meu ego não girar na velocidade do contador resolvi compartilhar textos publicados em outros espaços e que, nos últimos tempos, fazem parte da minha rotina de leitura diária. Talvez essa moças queridas se enfureçam pelo "roubo" mas como diz o ditado "a fruta proibida é a mais apetecida" ou ... "Lua com circo traz água no bico"
beijos imensos

Julia Kiss - http://tapeumolho.blogspot.com/
O sorriso da moça

Conheceu um sorriso
Um sorriso numa forma tão nova
Cada vez que pensava estar tudo acabado
Constatava que a moça sorria
O que a moça sabia mais do que ela
Sorria
Para uma, fim de linha
Para outra, o inesperado chegando a cavalo

Cléo De Páris - http://pueril.zip.net/
*

Ela ficou em preto e branco. Desacostumar das cores... Precisava conseguir. Chorou e limpou as lágrimas com guardanapos reais. então até riu. Só pra amanhecer.
Pensou que tinha sido bom lembrar de roubar aquela foto dele da infância. Ele ficaria do tamanho de caber sempre no seu pensamento. Mas as cores não mais. Imaginou todas em todos os tons, só por agora. imaginou nomes e suas cores. Pablo Neruda era bem azul! Só pra amanhecer.
Podia tudo que quisesse. Só pra ser ela mesma. Incrível, pensou. E chorou tudo que queria. Imaginou tudo que queria. Quase sem acreditar que podia ser ela mesma e só. Só pra amanhecer.

Naomi Conte - http://contosinterditos.blogspot.com/
Como abrir uma porta

Primeiro, com a mão no formato de concha, aproxima-a devagar da maçaneta, como quem está prestes a tocar em telhado de zinco ardido de sol. Os pés um pouco afastados um do outro, um mais à frente, o outro mais atrás, mantendo uma distância confortável da porta, dessas que deixam o ar entrar e sair das narinas com facilidade. O braço que sustenta a mão no alto, que tanto pode ser o esquerdo como o direito dependendo das preferências, não está de todo esticado evitando forçar a articulação do cotovelo, encontra-se contraído. Forma-se um ângulo de aproximadamente cento e cinquenta graus entre o antebraço e o braço, numa altura desde o solo um pouco menor que a da mão que quase toca o gélido metal da maçaneta. A mente reluta por um instante, entre escancarar ou não a porta. O corpo se inclina de modo imperceptível, aproxima os dedos que enrijecem na certeza do toque da maçaneta, a mão se acanha na presença da haste metálica e aprisiona-a com os dedos. Apenas o polegar solitário se estende preguiçoso ao longo. Uma simples virada de punho e ouvimos o clique. Um suspiro mudo responde à réstia de sol que cruza a fresta, uma fresta maior, bem maior, espia sobre a cama o corpo em cochilo pós-almoço.

L.C - http://pbdesinteressante.blogspot.com/
Margaridas e corações

Acordei assustada e desliguei o despertador. Procurei meus chinelos no escuro, mas coloquei os pés no chão para sentir o frio. Acendi a luz para olhar a cama. Andei descalça por toda a casa, acendi todas as luzes. preparei o café. Li o jornal. Páginas e farelos de pão, notícias engorduradas de manteiga. me atrasei para ter pressa. fiz espuma na esponja em forma de margarida, com o dedo desenhei corações no espelho embaçado. Coloquei uma roupa amarela e fui dançar na feira.

terça-feira, abril 21, 2009

Dialética...

É no sonho que a gente morre…
Ou é o sonho que morre na gente?

quarta-feira, abril 15, 2009

Reflexão Sobre a Reflexão III...

Sobre flores...
Sobre cuidado...
Sobre sorriso...
Sobre encontro...
Sobre silêncio...
Sobre desejo...
Sobre um,
Sobre outro.

Imagem: Hundertwasser - 1996 - "Who Has Eaten All My Windows"
www.hundertwasser.de

quinta-feira, março 26, 2009

Foolish VIII

Volto a ser um Eu único.
Modelo empírico de mim.
Corro pro espelho,
Brilho e instante.
Olhares cruzados...
Volto a ser um Nós.
Único modelo em mim.











Poesia: Carolina de Carvalho - 2007
Xilogravura: Rubem Grilo -
Auscultador de pensamentos, 1999
12,7 x 17,5 cm - http://www.artepadilla.com.br/rubemgrilo

quarta-feira, março 25, 2009

O Meu Desejo - Florbela Espanca

Vejo-te só a ti no azul dos céus,
Olhando a nuvem de oiro que flutua...
Ó minha perfeição que criou Deus
E que num dia lindo me fez sua!

Nos vultos que diviso pela rua,
Que cruzam os seus passos com os meus...
Minha boca tem fome só da tua!
Meus olhos têm sede só dos teus!

Sombra da tua sombra, doce e calma,
Sou a grande quimera da tua alma
E, sem viver, ando a viver contigo...

Deixa-me andar assim no teu caminho
Por toda a vida, Amor, devagarinho,
Até a Morte me levar con.. sigo


terça-feira, março 17, 2009

Cansei de Tomar Fanta...

"Cansei de Tomar Fanta" de Alberto Guzik
direção Daniel Tavares
com Cléo De Páris e Fábio Penna

Estréia 17 de março às 22:30 hs - até 14 de abril
Espaço do Satyros 1 - Praça Roosevelt, 214 - fone 3258.6345
20,00 (meia 10,00) - duração 30 min. - realização Os Satyros




Pode ser visto também no www.teatroparaalguem.com.br

segunda-feira, março 02, 2009

Carnevale...

Apaziguo a ansiedade
Que arranha a garganta.
Ouço a revoada
Das maritacas na janela.
Por alguns instantes,
Desisto de ser atéia.
















Foto: Como não descobri de quem é a foto, vai o link...
http://programadefestas.wordpress.com/2008/02/03/carnaval-de-veneza-sensation/

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Vale 1.500 réis...



P.S.: Por alguma estranha razão, há pessoas que não conseguem visualizar o post, que nada mais é do que uma caixinha para ouvir música...antes que achem que postei um título e nada mais (não é uma má idéia, mas não é o caso, ainda...) deixo o link :
Quem me vê sorrindo - Cartola
http://www.goear.com/listen.php?v=cd51361

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Portifólio V - Romance...

Página de Catálogo para o Espetáculo Romance, Vol.II - de Marisa Orth.
Foto: Priscilla Prade
Arte: Carolina de Carvalho

Em breve...perto de você!

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

`A Iemanjá...

A Iara, de João Guimarães Rosa

Bem abaixo das colinas de ondas verdes, onde o sol se refrata em agulhas frias, descem todas as sereias dos mares e dos rios, irreais e lentas, como espectros de vidro, para os palácios de madrépora de Anfitrite, em vale côncavo, transparente e verde, num recanto abissal, como uma taça cheia, entre bosques e sargaços, espumosos, e rígidos jardins geométricos de coral...
Por entre os delfins, sentinelas de Possêidon, afundam, suspensas, soltas, como grandes algas, carregando os jovens afogados: Ondinas das praias, flexosas, Nixes da água furtacor do Elba, Havefrus do Sund e Russalkas do Don... Loreley traz no esmalte doce dos olhos duas gotas do Reno... E danaides Laboriosas se desviam dos cardumes De Nereidas, que imergem, ondulando as caudas palhetadas dos seus vestidos justos de lamé...
Mas a Iara não veio!...
Mas a Iara não vem!...
Porque Iara tem sangue, porque a Iara tem carne, sangue de mulher moça da terra vermelha, carne de peixe da água gorda do rio...
Iara de olhos verdes de muiraquitã, cintura pra cima de cunhantã cintura pra baixo de tucunaré...que veio, dormindo, Purus abaixo, filha do filho do rei dos peixes como uma índia branca cuchinauá...
Lá bem pra trás da boca aberta do rio, onde solta seus diaboso bicho feroz da pororoca, ela ficou, cheia de medo, brasiliana, tapuia, morena, Tão orgulhosa, Que não quer ser desprezada pelas outras...
E a Iara é preguiçosa, tão preguiçosa, que não canta mais as trovas lentas em nhheengatu :
-Iquê, ianê retama icu, Paraná inhana tumassaua quitó... Nem mais se esforça em seduzir o canoeiro mura ou o seringueiro, meio vestida com gaze das águas, na renda trançada dos igarapés...E eu tenho de chorar:
- Enfeitiça-me ó Iara,que eu vim aqui pra me deixar vencer...
Mas custa-me encontrá-la, e só à noite sem bordas dessas terras grandes, quando a lua e as ninféias desabrocham soltas, posso beijá-la, nua, dormida, esguia, bronzeada, oleosa, na concha carmesim de uma vitória-régia, tomando o banho longo de perfume e luar...
Foto: Esxposição 'My voice, my life' - de Marcela Haddad - em Londres.
Iemanjá - Todos os anos, no dia 2 de fevereiro, milhares de praticantes do candomblé se vestem de branco e se dirigem ao mar, levando as suas oferendas para Iemanjá. Ao entardecer, em Salvador, homens levam embarcações com flores e oferendas à rainha do mar.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Para alegrar o dia II....

John Lennon - Stand By Me...

terça-feira, janeiro 27, 2009

Devagar à Divagar...

Caminhando e procurando,
A serenata,
Que um dia, de leve, vibrou.

Passeando e procurando,
As leves asas,
Que alguém, por diversão, levou.

Caminhando,
Passo e ando.
No silêncio da procura,
Leve, eu sou.



foto: Katarina Sokolova

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Arrepio II...

Embora Bertha Young já tivesse trinta anos, ainda havia momentos como aquele em que ela queria correr, ao invés de caminhar, executar passos de dança subindo e descendo da calçada, rolar um aro, atirar alguma coisa para cima e apanhá-la novamente, ou ficar quieta e rir de nada: rir, simplesmente.
O que pode alguém fazer quando tem trinta anos e, virando a esquina de repente, é tomado por um sentimento de absoluta felicidade — felicidade absoluta! — como se tivesse engolido um brilhante pedaço daquele sol da tardinha e ele estivesse queimando o peito, irradiando um pequeno chuveiro de chispas para dentro de cada partícula do corpo, para cada ponta de dedo?
Não há meio de expressar isso sem parecer "bêbado e desvairado?" Ah! como a civilização é idiota! Para que termos um corpo, se somos obrigados a mantê-lo encerrado em uma caixa, como se fosse um violino raro, muito raro?
"Não, isso de violino não é exatamente o que eu quero dizer" — ela pensou, correndo escadas acima e apalpando a bolsa, em busca da chave — que ela esquecera, como sempre — e sacudindo a caixa do correio. "Não é o que eu quero dizer, pois — "obrigada, Mary" — ela entrou no vestíbulo. "A babá voltou?".
"Sim, senhora".
"E as frutas?".
"Sim, senhora. Veio tudo".
"Traga as frutas para a sala de jantar. Vou dar um arranjo nelas antes de subir".
Estava escuro e muito frio na sala de jantar. Mesmo assim, Bertha tirou o casaco; não podia tolerar por mais tempo o aperto da roupa, e o ar frio penetrou em seus braços.
Dentro do peito, no entanto; havia ainda aquele ponto brilhante, incandescente, de onde saía uma chuva de pequenas fagulhas. Era quase insuportável. Ela mal tinha coragem de respirar, por medo de atiçar aquele fogo ainda mais; contudo, respirava fundo... fundo. Quase não tinha coragem de olhar-se no espelho frio; mas olhou, e ele mostrou-lhe uma mulher radiante, com lábios trêmulos, sorridentes, grandes olhos escuros e um ar de quem está à espera de que alguma coisa... divina aconteça. Ela sabia que iria acontecer infalivelmente.
(...)
texto: Bliss - Katherine Mansfield

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Senta que lá vem história II....

2009 - Finalmente depois de 4 anos, uma parte do Monumento aos Lanceiros Negros, será construída ( post - Senta que lá vem história...)

O Arquiteto George Augusto de Moraes conseguiu para o monumento dos Lanceiros no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, que a prefeitura forneça a mão de obra. E abriu uma conta pública para donativos. Ainda não se conseguiu viabilizar a obra maior - o museu em memória dos Lanceiros Negros - será apenas um mini totem no parque, mas já é um começo!

Esses bravos heróis, os Lanceiros Negros, foram dizimados numa emboscada próxima ao sítio de Porongos, no Rio Grande do Sul. Trata -se de um mitológico massacre ocorrido durante a Revolução Farroupilha (1835-1845) e bem escamoteado durante os anos. Eram a linha de fronte das tropas, com a promessa de liberdade no final da guerra, transformaram-se na vanguarda das tropas farroupilhas.
2005 - Nós ( Euclides Oliveira, Sidney Linhares, Dante Furlan e eu ) ganhamos um concurso internacional com o projeto para a construção de um museu em homenagem aos Lanceiros, no local do massacre. Museu que sonhamos ver construído no sítio que poderá ser tombado pelo patrimônio histórico mundial.

terça-feira, janeiro 13, 2009

O Efêmero Pulo do Gato...

Na boca
A maneira boa
De te sentir
Tênue e louca

ou

A maneira boa
Tênue e louca
De te sentir
É na boca




















Poesia: Indecisão ...Qual a melhor solução...Qual?...Aí é que está ... - (2007)

Foto: Efe - Cientistas sul-coreanos criaram gatos clonados que brilham no escuro quando são expostos à luz ultravioleta. Os pesquisadores manipularam um gene que sintetiza uma proteína fluorescente. Os gatos nasceram entre janeiro e fevereiro deste ano, são da raça Angorá Turca.

domingo, janeiro 11, 2009

Um Mantra...

Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.



Poema: Hilda Hilst; Foto: Josep Olivella

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Sabedoria Familiar...

PERCEBER - por Iris Vieira Motta Mello

De repente, num repente
Certo alguém
Pediu passagem
Nem parou
Nem esperou
A resposta
Não recebeu
Ou não percebeu
Porque perceber
É no viver
O maior saber.



A poesia é da minha querida tia-avó, Iris. Foto: Lineu Filho, intitulada "Beija-flor na grade é beleza em liberdade."

terça-feira, janeiro 06, 2009

Sobre Café e Cigarros...

Lembrou da última frase que havia dito. Alguém vendendo um daqueles bilhetes de loteria chamou sua atenção, quebrando a linearidade de seus pensamentos. Não conseguia precisar quantos dias passaram desde o telefonema em que ela fez o convite para que se encontrassem na véspera de ano novo. A memória inexistente de um vestido, leve e transparente, inegavelmente trazia certa angústia em sua expectativa. Há muito desejava encontrá-la. Parado na porta de seu edifício, exitou. Precisava comprar cigarros. E foi.
A chuva caia torrencialmente . Os termômetros marcavam 29 graus. Os carros avançavam lentamente contrastando com os minutos, que passavam avassaladores. O trânsito paulistano, mesmo na madrugada, era insuportável por causa das comemorações de final de ano. No celular palavras quase indecifráveis. A voz um pouco alterada disfarçava o nervosismo. Estava atrasado e suas mãos tremiam. Suava, não tanto pelo calor.
Ao abrir a porta, os olhos que por muito tempo foram absortos, carregavam agora uma expressão tenra. Ela também tinha medo. Abriu a janela na tentativa de que o vento abrandasse qualquer alteração em suas respirações. Abraçou-a por trás, e ficaram assim, alguns minutos, envolvidos pelo silêncio. A chuva cortando a face, os olhos, os lábios, os líquidos todos, escorriam. Escorreram. Ela precisava comprar cigarros.

foto: Henri Cartier Bresson; texto: Carolina de Carvalho - 2006

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Gira Mondo Nel Mio Labirinto.

O Ano passado começou com um holandês de 1,80m, loiro de olhos azuis que me interpelou na rua e levou meus 25 contos. Este ano começa com tudo literalmente rodando...Principalmente eu, que estou girando e girando e girando, que nem a música do Chico.
(...)
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
(…)



foto: Lenice Barbosa ; música: trecho de Roda Viva, Chico Buarque.
Eu, sem poesia, com Labirintite, e sem fumar. Desejo com todas as forças, que o Ano Novo pare de girar!

terça-feira, dezembro 30, 2008

What a difference...



P.S.: Para meu pai - A música que me faz chorar... a história fica para outro dia...

P.S. 2: Por alguma estranha razão, há pessoas que não conseguem visualizar o post, que nada mais é do que uma caixinha para ouvir música...antes que achem que postei um título e nada mais (não é uma má idéia, mas não é o caso, ainda...) deixo o link :
What a difference a day made -
http://www.goear.com/listen.php?v=d1c61c1

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Enquanto isso, na janela da cozinha...

A vista lá de casa é a mais linda do mundo,
Veio com a cidade, um sorriso, e você junto.
Ah… a vista lá de casa…
Tem meu coração também.
Desenhado com seu traço.
Cravado bem no fundo.
Ah…a vista lá de casa…
É a mais linda do mundo.



















Temporal em SP : As fotos foram tiradas nesta sequência, durante aproximadamente 10 minutos e estão sem efeitos ou ajustes de cor.
fotos e poesia: Carolina de Carvalho - 2008

sexta-feira, dezembro 19, 2008

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Os Mistérios de Clarice...

...
Luas claras na varandas
Jardins de sonho e cirandas
Foguetes claros no ar
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração
...
Mas Clarice
Era a inocência
...
Fez-se modelo das lendas
Das lendas que nos contaram as avós
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
...























pintura: Henri Matisse, Gold Fish, 1911
música: Caetano Veloso, José Carlos Capinam
para ouvir:
http://www.youtube.com/watch?v=MalkQS5ECyc

quinta-feira, dezembro 11, 2008

As Cores do Dia...

No céu,
O laranja torna rosa,
O azul brinca de ser lilás.
Tons saltam.
Nós, estáticos.

A euforia tranquila
Do peito compassado.
Sabor de gotículas d’água
Suspensas no ar.

No reino de Afrodite,
Somos como Hilda Hilst.
“Um arco-íris de ar,
Em águas profundas".


poesia: Carolina de Carvalho - foto: Zena Holloway (www.zenaholloway.com)

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Azul

Despertou com as folhas esparramadas pelo chão de madeira. O sol refletia no rosto o sal de mar. Veleiros exibiam balões coloridos e enfileirados. Mostravam o rumo que o olhar deveria seguir. O silêncio definia o tom exato de seu delírio. Só o suor escorrendo pela face dava algum sinal de que suavemente ainda vivia.
Era sexta – feira. Sabia disso porque o jornal que não fora totalmente carregado pelo vento marcava em seu cabeçalho, “sexta – feira”. Na memória, ainda turva, um sabor adocicado. Cerrou os olhos com a esperança de focar a lembrança em um gesto, um movimento. Buscava exatidão.
Uma pequena borboleta pousou levemente em seu peito. Era azul. Suas asas tinham desenhos simples e simétricos que remetiam `aquelas brincadeiras infantis em que se usam bolômetros na busca de círculos perfeitos, um dentro do outro, infinitamente, um dentro do outro, insistentemente, formando mandalas.
Inspirou. Num movimento lento, encheu o peito e assoprou em direção `a delicada borboleta. Sussurrou para que voasse alto e conseguisse, daquele sopro, retirar a energia necessária para viver um pouco mais do que os sete dias `a que estava predestinada.
O gosto de sangue instalado na garganta não deixava margem `a enganos. As palavras corajosas ditas em meio as lágrimas tomaram forma em seus ouvidos como cortes precisos de navalha, finos retalhos em seus poros. Fundos porém gentis. Lembrou do beijo derretendo em seus lábios. Desta vez, fechou os olhos com mais força e pôde sentir a linda borboleta voar em direção ao mar.
Os veleiros não mostravam mais suas cores. Suas velas, agora brancas e em riste, confundidas ao horizonte, não permitiam distinguir o que era céu, o que era água, o que era azul.
Só o suor escorrendo pela face dava algum sinal de que suavemente ainda morria.



foto: Shark - http://www.charquinho.weblog.com.pt

sexta-feira, novembro 14, 2008

Reflexão Sobre a Reflexão II






















Cate Blanchett no papel de Bob Dylan - no filme " Não Estou Lá"

quinta-feira, novembro 06, 2008

quarta-feira, novembro 05, 2008

Foolish VII

Hoje tinha uma coisa
Pra te mostrar. Pra te dizer.
Pra te cantar. Pra te comer.
Hoje tinha essa coisa de sorrir.
Sorri.

terça-feira, outubro 28, 2008

Se...

Se quiser saber de mim,
Estou cá na janela.
Vendo a garoa fina,
Coroar o dia cinzento.

Se quiser saber de mim,
Tenho frio.
Não sei se vem da rua,
Ou de dentro.

Se quiser saber de mim,
Vem pra janela,
Muda o dia!
Traz sossego,
Pra onde só há vento.

Se quiser saber de mim…


















" Blue Dancers " - Edgard Degas ( 1899 )

sexta-feira, outubro 17, 2008

A Estrutura da Bolha de Sabão

Era o que ele estudava. "A estrutura, quer dizer, estrutura", ele repetia e abri a mão branquíssima ao esboçar o gesto redondo. Eu ficava olhando seu gesto impreciso porque uma bolha de sabão é mesmo imprecisa, nem sólida nem líquida, nem realidade nem sonho. Película e oco. "A estrutura da bolha de sabão, compreende?". Não compreendia. Não tinha importância.......
Lygia Fagundes Telles












No meio de uma multidão: " Nossa Lygia, que confusão!" . Ela sorriu e cochichou em nossos ouvidos: " Tudo é confusão"... Proféticas palavras que, segundo ela, foram ditas por Machado de Assis...

terça-feira, outubro 14, 2008

Arrepio...

...Toco tu boca, con un dedo toco el borde de tu boca, voy dibujándola como si saliera de mi mano, como si por primera vez tu boca se entreabriera, y me basta cerrar los ojos para deshacerlo todo y recomenzar, hago nacer cada vez la boca que deseo, la boca que mi mano elige y te dibuja en la cara, una boca elegida entre todas, con soberana libertad elegida por mí para dibujarla con mi mano en tu cara, y que por un azar que no busco comprender coincide exactamente con tu boca que sonríe por debajo de la que mi mano te dibuja.
Me miras, de cerca me miras, cada vez más de cerca y entonces jugamos al cíclope, nos miramos cada vez más de cerca y nuestros ojos se agrandan, se acercan entre sí, se superponen y los cíclopes se miran, respirando confundidos, las bocas se encuentran y luchan tibiamente, mordiéndose con los labios, apoyando apenas la lengua en los dientes, jugando en sus recintos donde un aire pesado va y viene con un perfume viejo y un silencio. Entonces mis manos buscan hundirse en tu pelo, acariciar lentamente la profundidad de tu pelo mientras nos besamos como si tuviéramos la boca llena de flores o de peces, de movimientos vivos, de fragancia oscura. Y si nos mordemos el dolor es dulce, y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento, esa instantánea muerte es bella. Y hay una sola saliva y un solo sabor a fruta madura, y yo te siento temblar contra mi como una luna en el agua.















texto: Julio Cortázar; foto: Henri Cartier Bresson

quinta-feira, setembro 25, 2008

Portifólio IV - Irma Vap

Uma entre tantas.

Entre os tantos mil espectadores que durante 12 anos assistiram `a primeira montagem do espetáculo, havia uma menina, com seus 10 ou 11 anos de idade e que vivia uma possibilidade de aventura absolutamente mágica.
Era a primeira vez em que ia, conscientemente, `a um espetáculo de teatro. Com a mão grudada na mão da prima, um ano mais velha, e a outra agarrada na mão da avó .
Sentindo um frio na barriga pelo pânico de assistir a um espetáculo de “adultos”. Desembarquei no meio de uma multidão de pernas, muito maiores que eu inteira. Saímos do táxi e ficamos esperando minha avó, Ana, na beira da calçada, enquanto a fila da bilheteria se desenrolava. As mãos continuavam grudadas. Minha prima tinha a obrigação de cuidar de mim, enquanto vovó entrava confiante no meio da multidão para conseguir nossos ingressos.
Os gorros, cachecóis, casacos e a espera, só aumentavam a tensão – será que ela conseguiria? - Estar no centro da cidade, no frio e na chuva, característicos de São Paulo, em um teatro com um painel de mosaico se agigantando para cima de mim, era no mínimo assustador. O teatro era o Cultura Artística ( talvez até tenha sido em outro, mas ficou gravado como se fosse). O espetáculo, “Irma Vap”.
As recordações que ficaram foram das muitas trocas de roupa, do óbvio não entendimento dos cacos políticos, uma peruca pra cá, um vestido pra lá, os dois atores de quem tanto gostava, o cenário enviesado pelo acento lateral e claro, as risadas. Que eram muitas.
A avó com o sorriso estampado no rosto e um brilho de travessura, que só ela conseguia carregar, nos olhos. Travessura esta, que havia sido premeditada, sem o aval de nossas mães. Uma sorrateira surpresa da matriarca! A pipoca doce na saída e a inveja das mães ao saber do rapto. nos proporcionaram uma recordação ainda mais deliciosa. Em 2005 a minha querida avó Ana se foi, deixando em nós, muitas destas saborosas alegrias.
20 anos depois desta primeira pipoca na saída do teatro, veio a reestréia e o novo elenco, tão poderoso como o anterior, e resgataram em mim aquela lembrança, aquele olhar de travessura que tanto me acompanhou. Fizeram com que o sabor ficasse ainda melhor! Tornando possível que eu, finalmente, entendesse um pouco mais desse mistério que é “Irma Vap”.
É com muita humildade que, depois de assistí-los, resolvi contar essa pequena historieta … Num desejo de que outros tantos anos passem e que outras tantas meninas tenham a chance de guardar na memória o deslumbramento de vê-los em cena.





















P.S.: Layouts feitos para uma concorrência de programação visual do espetáculo. Usei desenhos do Angeli (com o consentimento dele, é claro! - o último é meu mesmo)- Não ganhei, mas adorei!
vai lá: Teatro Shopping Frei Caneca.