Foi em um belo domingo de sol, num desses muitos finais de semana gostosos que passei junto com minha mãe e que estão guardados na memória, um dos muitos felizes domingos no clube tão ternos e livres, que ganhei um beijo simplesmente inesquecível.
O tempo aos domingos era só meu e de minha mãe. Ela sempre de bom humor, me acordava cedinho com as maletinhas prontas para irmos ao clube. Tudo organizadíssimo, roupão, biquini, protetor solar super cheiroso, sandalinha e roupinha frugal para aproveitar um belo dia de sol. E naquele domingo específico, ela deixou eu convidar uma amiguinha. O paraíso! Garantia de um dia divertido.
No meio da tarde, tinha a hora da mistura coca-cola e cheetos, huuummmm…nada melhor do que aquela horinha em que os saquinhos de cheetos eram misturados com a coca cola e o sabor de cloro da piscina que ainda estava impregnado nos dedos. Era de lamber os beiços!
Quando anoitecia íamos sempre a um restaurante pequenino na vila madalena, próximo de onde morávamos para comer um dos meus pratos prediletos, gnocchi al sugo.
As recordações desses dias, os domingos no clube, são de dias perfeitos para mim, e vêm acompanhadas de um sabor de alegria. Piscina, amigos, lanche junk, mamãe por perto e um jantar dos deuses no final de tudo.
E foi num domingo como esse que, ao sairmos da cantina, encontramos com ele. Eu, então com 6 anos, encarei o que talvez tenha sido a primeira situação de enfrentamento entre minha timidez e minha admiração.
Tive um instante para decidir, será que valeria a pena ir até lá e me declarar ou deveria ser discreta e ir embora? Lembro de puxar minha mãe meio de canto e perguntar a ela o quê fazer. E ela, com um sorriso no rosto, decerto achando graça na filha pequenina, me encorajou a deixar a timidez de lado e confrontar o desafio que aquele instante apresentava.
Respirei fundo, atravessei o restaurante e decidida pedi licença `aquele senhor, que interrompeu sua conversa com um leve sorriso e ouviu o que deveria ser o milhonésimo quarto pedido de autógrafo. Para mim, o primeiro e penúltimo que pediria na vida.
Ele, muito gentil, respondeu perguntando se eu não preferia ganhar um beijo. Eu disse que sim, mas meio desconfiada quis saber o porquê, e ele prontamente explicou que um beijo seria muito melhor porque o papel eu certamente perderia, e o beijo eu poderia guardar para sempre. Aceitei a oferta, mas não contente quis também dar um beijo meu, em retribuição. Ele aceitou, soltou uma gostosa risada e aí sim, fui embora, feliz.
É claro que não entendia ainda a dimensão exata de quem era aquele senhor, e até duvidei um pouco daquela troca, afinal para uma criança, chegar na escola no dia seguinte com um papelzinho assinado pelo ator principal da novela, teria sido bem melhor. Mas, ele estava coberto de razão, e eu invariavelmente recordo daquele dia quando penso nos meus felizes domingos ensolarados.
Hoje lembrei de novo do beijo que me destes, e te ofereço aqui, um beijo meu em retribuição.
In memoriam, ao inesquecível Paulo Autran.
O tempo aos domingos era só meu e de minha mãe. Ela sempre de bom humor, me acordava cedinho com as maletinhas prontas para irmos ao clube. Tudo organizadíssimo, roupão, biquini, protetor solar super cheiroso, sandalinha e roupinha frugal para aproveitar um belo dia de sol. E naquele domingo específico, ela deixou eu convidar uma amiguinha. O paraíso! Garantia de um dia divertido.
No meio da tarde, tinha a hora da mistura coca-cola e cheetos, huuummmm…nada melhor do que aquela horinha em que os saquinhos de cheetos eram misturados com a coca cola e o sabor de cloro da piscina que ainda estava impregnado nos dedos. Era de lamber os beiços!
Quando anoitecia íamos sempre a um restaurante pequenino na vila madalena, próximo de onde morávamos para comer um dos meus pratos prediletos, gnocchi al sugo.
As recordações desses dias, os domingos no clube, são de dias perfeitos para mim, e vêm acompanhadas de um sabor de alegria. Piscina, amigos, lanche junk, mamãe por perto e um jantar dos deuses no final de tudo.
E foi num domingo como esse que, ao sairmos da cantina, encontramos com ele. Eu, então com 6 anos, encarei o que talvez tenha sido a primeira situação de enfrentamento entre minha timidez e minha admiração.
Tive um instante para decidir, será que valeria a pena ir até lá e me declarar ou deveria ser discreta e ir embora? Lembro de puxar minha mãe meio de canto e perguntar a ela o quê fazer. E ela, com um sorriso no rosto, decerto achando graça na filha pequenina, me encorajou a deixar a timidez de lado e confrontar o desafio que aquele instante apresentava.
Respirei fundo, atravessei o restaurante e decidida pedi licença `aquele senhor, que interrompeu sua conversa com um leve sorriso e ouviu o que deveria ser o milhonésimo quarto pedido de autógrafo. Para mim, o primeiro e penúltimo que pediria na vida.
Ele, muito gentil, respondeu perguntando se eu não preferia ganhar um beijo. Eu disse que sim, mas meio desconfiada quis saber o porquê, e ele prontamente explicou que um beijo seria muito melhor porque o papel eu certamente perderia, e o beijo eu poderia guardar para sempre. Aceitei a oferta, mas não contente quis também dar um beijo meu, em retribuição. Ele aceitou, soltou uma gostosa risada e aí sim, fui embora, feliz.
É claro que não entendia ainda a dimensão exata de quem era aquele senhor, e até duvidei um pouco daquela troca, afinal para uma criança, chegar na escola no dia seguinte com um papelzinho assinado pelo ator principal da novela, teria sido bem melhor. Mas, ele estava coberto de razão, e eu invariavelmente recordo daquele dia quando penso nos meus felizes domingos ensolarados.
Hoje lembrei de novo do beijo que me destes, e te ofereço aqui, um beijo meu em retribuição.
In memoriam, ao inesquecível Paulo Autran.
foto: “Um Deus Dormiu Lá em Casa” - 1949
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