terça-feira, dezembro 30, 2008

What a difference...



P.S.: Para meu pai - A música que me faz chorar... a história fica para outro dia...

P.S. 2: Por alguma estranha razão, há pessoas que não conseguem visualizar o post, que nada mais é do que uma caixinha para ouvir música...antes que achem que postei um título e nada mais (não é uma má idéia, mas não é o caso, ainda...) deixo o link :
What a difference a day made -
http://www.goear.com/listen.php?v=d1c61c1

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Enquanto isso, na janela da cozinha...

A vista lá de casa é a mais linda do mundo,
Veio com a cidade, um sorriso, e você junto.
Ah… a vista lá de casa…
Tem meu coração também.
Desenhado com seu traço.
Cravado bem no fundo.
Ah…a vista lá de casa…
É a mais linda do mundo.



















Temporal em SP : As fotos foram tiradas nesta sequência, durante aproximadamente 10 minutos e estão sem efeitos ou ajustes de cor.
fotos e poesia: Carolina de Carvalho - 2008

sexta-feira, dezembro 19, 2008

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Os Mistérios de Clarice...

...
Luas claras na varandas
Jardins de sonho e cirandas
Foguetes claros no ar
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração
...
Mas Clarice
Era a inocência
...
Fez-se modelo das lendas
Das lendas que nos contaram as avós
Que mistério tem Clarice
Que mistério tem Clarice
...























pintura: Henri Matisse, Gold Fish, 1911
música: Caetano Veloso, José Carlos Capinam
para ouvir:
http://www.youtube.com/watch?v=MalkQS5ECyc

quinta-feira, dezembro 11, 2008

As Cores do Dia...

No céu,
O laranja torna rosa,
O azul brinca de ser lilás.
Tons saltam.
Nós, estáticos.

A euforia tranquila
Do peito compassado.
Sabor de gotículas d’água
Suspensas no ar.

No reino de Afrodite,
Somos como Hilda Hilst.
“Um arco-íris de ar,
Em águas profundas".


poesia: Carolina de Carvalho - foto: Zena Holloway (www.zenaholloway.com)

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Azul

Despertou com as folhas esparramadas pelo chão de madeira. O sol refletia no rosto o sal de mar. Veleiros exibiam balões coloridos e enfileirados. Mostravam o rumo que o olhar deveria seguir. O silêncio definia o tom exato de seu delírio. Só o suor escorrendo pela face dava algum sinal de que suavemente ainda vivia.
Era sexta – feira. Sabia disso porque o jornal que não fora totalmente carregado pelo vento marcava em seu cabeçalho, “sexta – feira”. Na memória, ainda turva, um sabor adocicado. Cerrou os olhos com a esperança de focar a lembrança em um gesto, um movimento. Buscava exatidão.
Uma pequena borboleta pousou levemente em seu peito. Era azul. Suas asas tinham desenhos simples e simétricos que remetiam `aquelas brincadeiras infantis em que se usam bolômetros na busca de círculos perfeitos, um dentro do outro, infinitamente, um dentro do outro, insistentemente, formando mandalas.
Inspirou. Num movimento lento, encheu o peito e assoprou em direção `a delicada borboleta. Sussurrou para que voasse alto e conseguisse, daquele sopro, retirar a energia necessária para viver um pouco mais do que os sete dias `a que estava predestinada.
O gosto de sangue instalado na garganta não deixava margem `a enganos. As palavras corajosas ditas em meio as lágrimas tomaram forma em seus ouvidos como cortes precisos de navalha, finos retalhos em seus poros. Fundos porém gentis. Lembrou do beijo derretendo em seus lábios. Desta vez, fechou os olhos com mais força e pôde sentir a linda borboleta voar em direção ao mar.
Os veleiros não mostravam mais suas cores. Suas velas, agora brancas e em riste, confundidas ao horizonte, não permitiam distinguir o que era céu, o que era água, o que era azul.
Só o suor escorrendo pela face dava algum sinal de que suavemente ainda morria.



foto: Shark - http://www.charquinho.weblog.com.pt