quinta-feira, janeiro 31, 2008

Bienvenue dans l'univers d'Amélie Poulain

Monsieur, quand le doigt montre le ciel, l'imbecile regarde le doigt...

tradução : Senhor, quando o dedo mostra o céu, o imbecil olha o dedo...

terça-feira, janeiro 29, 2008

Ficção

O homem parado na minha frente havia tirado de dentro de uma bolsinha de couro, já envelhecida pelo tempo, uma pinça metálica. Pequena e de pontas semi-afiadas. Delicadamente levantou minha blusa e beliscou, com a ponta da pinça, uma pinta de nascença do lado direito do meu ventre. Foi no mesmo instante em que senti um cheiro de flores invadindo o ambiente, um cheiro doce e forte.
O homem, que tinha a barba cerrada e amarelada, tirava de dentro mim um botão de flor,incandescente. Suas pétalas tinham na base um colorido lilás e azulado fosforescentes. O centro do botão era transparente e a medida em que olhava para o vértice, o amarelo alaranjado crescia, faiscando raios finos e infinitos que iluminavam todo o ambiente. Era um botão de flor e de fogo.
Ouvi passos apressados subindo as escadarias do lado de fora do quarto onde estávamos. Um quarto escuro, pequeno e úmido. As tábuas do teto quase despencando, indicavam que o local estava abandonado há algum tempo. O som dos passos era pesado, seco. Logo imaginei homens escondendo seus rostos em capacetes negros e em fardas, também negras, cheias de apetrechos de guerra e armas com lanternas nas pontas que iluminavam os corredores, em frenesi, e vinham em nossa direção.
A voz estrondosa do homem de barba amarela penetrou em meus poros: “Você está a salvo, fuja pela escotilha, eles virão atrás da flor.”
Pressionei meus lábios aos dele, com a força de quem não iria encontrá-lo tão cedo. Ele sorriu, nos abraçamos e fugi, em tempo de ouvir. “ Você é meu anjo….”.
Tentei guardar na memória o sorriso protetor daquele homem misterioso, aquela sensação de segurança. Subi por uma pequena escotilha incrustada no teto imaginando o que aconteceria com meu protetor e o quê, na realidade, seria aquela flor incandescente.
O barulho que se seguiu foi tão forte que não tive tempo de perceber se era do teto que havia desabado, ou se eram as armas dos homens de capacete. Pensei se estaria mesmo em segurança e no que poderia acontecer `aquele homem…

Acordei com o suor atrás do pescoço, escorrendo lentamente. A cama tremia numa intensidade tal, que demorei um tempo para entender que tudo não passara de um sonho. Cerrei os olhos, esfregando o dorso da mão, num gesto infantil.
Flashes de luzes brancas, pequeninas e brilhantes se formaram na pupila, turvando a visão que demorou a voltar e definir o desenho do quarto onde estava. Apoiei a cabeça na parede fria atrás da cama, o suor continuou a escorrer, agora pela coluna toda, arrepiando o corpo.
O aroma de flores invadiu o apartamento, uma mistura de jasmim e rosas, o mesmo aroma doce e forte do sonho. Levantei de sopetão e fui em direção `a cozinha. A chaleira em cima do fogão apitava, o vapor quente saia de dentro dela, olhei para meu ventre e a pinta de nascença continuava lá, intacta.
Ouvi alguém atrás de mim : “ Você é meu anjo.”
Ao virar, vi aquele mesmo homem de barba, o mesmo sorriso terno. Só que desta vez, ele trazia um pequeno papel em suas mãos. Estava escrito: “Positivo”


Chá de Rosas: 4 xícaras (chá) de água; pétalas de 6 rosas; 1 colher (café) de água de rosas;
Coloque a água numa chaleira e leve ao fogo alto. Quando ferver, coloque as pétalas e deixe por 5 minutos. Retire e junte a água de rosas. Adoce à gosto e sirva imediatamente.


terça-feira, janeiro 15, 2008

Lua de São Jorge...

Ó São Jorge, meu santo guerreiro, invencível na fé em Deus que trazeis em vosso rosto a esperança e confiança, abrí meus caminhos.
Eu andarei vestida e armada com vossas armas para que meus inimigos, tendo olhos não me vejam, tendo pés, não me alcancem, tendo mãos, não me peguem e nem mesmo pensamentos possam ter para me fazerem mal.
Armas de fogo, o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrar.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estendei vosso escudo e vossas poderosas armas protegendo-me com vossa força e grandeza.
Ajudai-me a superar todo desânimo e a alcançar a graça que vos peço.
Dai-me coragem e esperança, fortalecei a minha fé e auxiliai-me nessa necessidade.

foto: Carolina de Carvalho - Castelo de São Jorge - Lisboa - 2007

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Mamma Mia

Maria Neta de Victória
Santa Aurora Virtuosa
Maria Filha de Ana
Santa Forte Bondosa
Maria Mãe de Carolina
Santa Luz Ilumina























foto: arquivo pessoal - família amada - 1980

segunda-feira, janeiro 07, 2008

From Neederland...

Comecei o ano conhecendo o Leo, um holandês de 1,80m, loiro de olhos azuis que me interpelou na rua. Felicíssimo por encontrar uma boa alma que falasse o mínimo de inglês, o Leo e sua simpatia, estavam perdidos e haviam sido assaltados. Entre a ida ao consulado e a chegada de seu seguro viagem, ele precisava pagar um hotel xexelento na av. Brig. Luiz Antônio que custava 25 contos.
Ficamos conversando mais uns minutos até que resolvi dispor da grana, ainda que fosse um golpe…
Só que o cara era holandês! - Eu tive a certeza de que era mesmo holandês, quando me falou o nome da cidade onde nasceu, um nome pra lá de esquisito e que ele teve de repetir 3 vezes para que eu entendesse, não entendi. - E os holandeses não têm esse histórico de golpes, então, resolvi fazer minha primeira boa ação de ano novo.
O Leo foi embora a pé, com a certeza de que as pernas aguentariam sem problemas caminhar quilômetros até a Brigadeiro. Agradecidíssimo, levou também meus 25 contos.
Ao ir embora, gentilmente beijou-me as mãos, num gesto de cavalheirismo `a moda antiga. E num piscar de olhos, sumiu.
Ou essa foi a cantada mais cara que já levei, ou foi uma boa maneira de começar o ano. Fazendo uma boa ação para um desconhecido. De qualquer forma, foi um empurrãozinho para voltar a escrever, e assim, desejar `a todos, um ótimo ano novo.